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ENTENDA O CASO:

Os jornalista da Gazeta do Povo, Rogério Galindo, Chico Marés, Euclides Lucas Garcia que fizeram reportagens sobre os supersalários de juízes e promotores, receberam processos de  diversos juízes, em várias partes do Paraná. 

Em entrevista o jornalista Rogério Galindo explica como ocorreu esse caso de assédio judicial.

Rogério Galindo 

Foram duas matérias e uma coluna de opinião, publicadas em janeiro. A matéria foi assinada por Chico Marés, Euclides Lucas Garcia, Rogerio Galindo (repórteres), Guilherme Storck (infografista) e Evandro Balmant, técnico da área de informática.

“Mostrávamos que o salário médio do juiz e do promotor do Paraná excediam o teto do funcionalismo brasileiro.Ou seja: pegando os vencimentos médios de um juiz no estado e dividindo por 13,5 meses (12 salário, décimo terceiro e abono de ferias), o resultado era cerca de 30% maior do que o teto (o vencimento mensal de um ministro do STF). Detalhes relevantes: não dissemos haver ilegalidade e procuramos o "outro lado" (o MP respondeu, o TJ, não). Só relatamos os fatos. E a coluna discutia esses fatos. Na internet, era possível ver o salário individualmente, o que não deveria ser um problema, já que se tratava apenas de uma informação que já é pública, por lei (está nos portais da transparência, para quem quiser ver). No entanto, vários juízes, atendendo a um apelo do presidente da associação de classe deles (Amapar) entraram com ações individuais pedindo indenização por danos morais. Como entraram em juizados especiais (causas de até 40 salários mínimos), nossa presença era exigida em todas as audiências. Como eram em várias cidades, começamos a percorrer o estado. Isso só parou porque o STF considerou que nós tínhamos razão de reclamar que os próprios juízes do estado julgassem os casos. A ação está tramitando no STF hoje. ”

O jornalista ficou sabendo da reação dos juízes através da Gazeta do Povo: “Eles procuraram o jornal, que se dispôs a publicar uma versão deles para os fatos (mesmo eles já tendo sido procurados antes). Isso foi feito. A partir daí, a associação deixou de pedir que os juízes nos processassem. Mesmo assim, mais de 40 nos processaram.

Galindo conta que nunca tinha vivido nada parecido e que o veículo, a Gazeta do Povo, deu todo o apoio necessário. “Pagou advogados aqui e em Brasília, nos deu hospedagem, arranjou deslocamentos, nos deu folgas. Tudo para podermos responder às ações tranquilamente. Nunca duvidou do que tínhamos feito. E se dispôs a pagar caso venhamos a perder (embora sejamos nós os processados, o jornal aceita pagar a conta na íntegra)."            

O sindicato nos ajudou também, assim como a Fenaj, levando o caso a conhecimento público e fazendo notas de apoio, além de atos de solidariedade.

OPINIÃO DO JORNALISTA

Como você avalia a situação do jornalismo investigativo atualmente?                       

Rogério Galindo: o grande problema do jornalismo de investigação é como financiá-lo. há uma crise econômica no país e há uma crise do setor de jornais. isso somado, há menos dinheiro para pagar repórteres, o que dificulta a coisa toda. Mas me parece que isso é temporário. E há meios alternativos (novas mídias, novas formas de financiamento) que estão tentando suprir isso, às vezes com sucesso (caso da Pública, do Livre.Jor, por exemplo). Mas os grandes jornais continuam sendo o centro da coisa, e acho que vai continuar sendo assim por muito tempo ainda.

 

Entrevista concedida a estudante Érica Diniz da Costa⁠⁠⁠⁠

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Foto: G1 Paraná

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